O Pacto Pela Democracia promoveu, no último dia 15 de abril, o primeiro encontro do Diálogos Democráticos, série de debates abertos que visa trazer ao centro da pauta aspectos fundamentais para se refletir sobre a vida política e democrática hoje no Brasil. “Como fortalecer as democracias em tempos de crises?” foi o tema da edição inaugural, que aconteceu na Praça das Artes, em São Paulo (SP).
O evento contou com a presença de cerca de 150 pessoas e foi mediado pela cientista política Manoela Miklos. Participaram do debate o cientista político e professor da Universidade de São Paulo, José Álvaro Moisés, a pesquisadora em Desigualdades e Identidades do CEBRAP e do InternetLab - Pesquisa em Direito e Tecnologia, Natália Neris, o Diretor da DIREITO FGV, Oscar Vilhena Vieira, a psicóloga e vereadora em São Paulo, Patrícia Bezerra e o especialista na área de diversidade e professor da Fundação Getúlio Vargas, Thiago Amparo.
Na abertura do encontro, foram debatidos os desafios da conjuntura atual. “A polarização de hoje e a profunda desigualdade histórica fazem com que a gente não veja o que temos hoje como um momento atípico, pois essa desigualdade é contínua. Pela perspectiva de grupos discriminados, essa crise que vivemos hoje nada mais é que um contínuo histórico” comentou Thiago Amparo, especialista na área de diversidade e professor da Fundação Getúlio Vargas.
Os demais especialistas na mesa endossaram o posicionamento de Amparo e defenderam que a crise da democracia representativa parte também de um fenômeno internacional. De acordo com a vereadora Patrícia Bezerra (PSDB/SP), temos o dever democrático de analisar o passado e o presente para que possamos compreender as variáveis que nos trouxeram à atual conjuntura e, assim, superar os desafios que estão colocados hoje.
Fortalecimento de mecanismos de mediação e participação política
Para além da conjuntura, também foi alvo do debate o fortalecimento de instâncias e ferramentas de participação que estimulem os cidadãos a se envolverem na arena política além das eleições. “Precisamos retomar a confiança nas instituições através de uma reforma profunda e do resgate dos mecanismos de intermediação como partidos, associações e conselhos” comentou o cientista político José Álvaro Moisés.
A influência da internet no atual contexto de fragilidade democrática também foi pauta do encontro. A pesquisadora Natália Néris acredita que a dinâmica das redes sociais explica uma parte deste processo, mas não é suficiente para desvendar o fenômeno que marca os regimes democráticos ao redor do planeta.
“Não é a primeira vez que vivemos momentos como este e já saímos disso outras vezes, tecendo relações políticas, construindo diálogos plurais. A saída é buscar conversar com aqueles que não conversam conosco” concluiu Oscar Vieira Vilhena, diretor da Direito FGV.
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Essa foi a primeira edição do Diálogos Democráticos. Fique de olho na agenda de eventos e não perca as próximas edições.